Nos últimos 5 anos o setor da saúde nos Açores tem sido gerido com um grau de improvisação, falta de visão estratégica e desresponsabilização política que, objetivamente, tem colocado em causa o bem-estar dos açorianos. A promessa de um Serviço Regional de Saúde (SRS) mais eficiente, próximo das pessoas e menos burocrático ficou oculta nas contradições, atrasos e falhanços da atual governação regional.
O episódio mais marcante foi, sem dúvida, o incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES). O que deveria ter sido tratado como uma crise prioritária, gerida com rigor e transparência, transformou-se num caso de estudo sobre como não gerir uma emergência de saúde pública.
A resposta do Governo Regional foi a construção apressada de um hospital modular, que, em vez de ser uma solução temporária eficaz, tornou-se símbolo de um sistema colapsado e mal gerido. As estruturas modulares, montadas sem planeamento adequado, estão longe de oferecer as condições mínimas exigidas para cuidados hospitalares dignos. Há relatos de falta de climatização adequada, problemas logísticos, limitações técnicas e instabilidade nos próprios equipamentos instalados. O hospital modular deveria ser uma ponte até à proclamada recuperação do HDES, mas tornou-se numa muleta precária que está longe de responder às necessidades dos açorianos.
Esta gestão errática da crise no HDES expôs, de forma atroz, as fragilidades do SRS, que o atual executivo regional teima em não resolver, nomeadamente, as listas de espera aumentaram, faltam médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares e os investimentos prometidos estão por cumprir.
A saúde nos Açores está a pagar o preço de uma governação que se guiou mais pela comunicação do que pela ação, mais pela propaganda do que pela resolução dos problemas dos açorianos. O descontentamento é evidente e a exaustão dos profissionais de saúde é alarmante.
A saúde não se governa com promessas de ocasião nem com soluções improvisadas. Exige planeamento, investimento sério, capacidade de resposta e respeito por quem dela depende todos os dias: os açorianos.